UBS Quilombola do Gurugi
[projeto] Premiado com Menção Honrosa Comunidade Quilombola do Gurugi, Conde, Paraíba Ano do projeto: 2019 Autoria: Thiago de Andrade e Manoel Fonseca Colaboradores: Carolina Mignon, Juliana Dullius, Gabriel Montenegro e Lucas Albuquerque Memória: Uma nova UBS para Gurugi A Unidade Básica de Saúde para a comunidade do Gurugi ancora-se na ideia, sugerida pelo Termo de Referência, de que ela não deverá ser somente um equipamento de saúde, mas um equipamento público fundamental na comunidade. O projeto assume uma geometria rigorosa, a partir da dicotomia estabelecida pela posição do terreno, ora árido e inóspito, voltado para uma rodovia em sua fachada frontal, em oposição ao fundo ameno, bucólico e sombreado por densa vegetação. Dispõe-se o programa em forma de U, fechado por edículas de blocos estruturais em concreto, o que libera o centro da edificação para o uso da comunidade. A fachada de melhor insolação e ventilação natural é a posterior. Ali, inicia-se a mata que segue até a costa, em trajeto que sugere grotas e regatos que levam as águas da cheia ao mar. Esta orientação é o ponto de partida da espacialidade desejada no projeto: sombra, penumbra, refúgio. Faz-se a necessária transição entre espaço interno e externo, entre a luz filtrada pela mata mais fechada e a avenida seca e árida de insolação direta. Marca-se, por oposição, o momento de introspecção e segurança do vazio interno, em relação aos riscos da hostilidade da rodovia. Faz jus à melhor caracterização de nossa arquitetura, possibilitada pelo nosso clima: espaços de transição fluidos, sempre mediando a relação entre interior e exterior. O cerne do projeto é o espaço coletivo e multiuso conformado em torno do pátio e anfiteatro, que permitiram uma setorização coerente e consequente do programa de necessidades ao seu redor. Cria-se, assim, uma centralidade que ecoa a longa e intensa luta da comunidade quilombola do Gurugi pela reconquista formal de seu território, de seus direitos. Os três blocos que encerram o núcleo coletivo distribuem o projeto em: • áreas de serviço e grande aporte de público - salas de vacinação, consultório odontológico (pela proximidade à área de compressores), na fachada oeste-sudoeste; • o programa de recepção e apoio ao público - banheiros, núcleo ampliado de saúde à família e atenção básica, na face norte-noroeste; • e programa de atendimento clínico - consultórios, sala de dispensação de medicamentos e sala de observação na fachada leste-nordeste. Em função de a fachada frontal ser também a de pior insolação, buscou-se protegê-la da incidência solar direta por meio de generoso beiral que desce imediatamente a partir da cobertura como brise-soleil. Por meio da repetição da mesma peça de telha metálica termo-acústica que configura a cobertura, surge uma abstrata fachada que resguarda o interior do edifício proporcionando o encanto pela descoberta de uma imprevista espacialidade. Uma nova espacialidade exterior. Percebe-se o inusitado: ao adentrar, encontra-se fora novamente. |