House of Arts and Culture in Beirut, Lebanon
[projeto] Beirute, Líbano Ano do projeto: 2008/2009 Autoria: Thiago de Andrade Colaboradores: Alice Menezes, Carlos Henrique Magalhães e Ricardo Theodoro Memória: Beauty sometimes is in not knowing. A proposta para a House of Arts and Culture em Beirute busca articular 3 premissas básicas para a sua posterior viabilidade e manutenção como equipamento vivo e constante: 1) Ser um marco arquitetônico e referencial artístico em uma nova parte da cidade onde um conjunto de novos edifícios imponentes de formas independentes surgirão. Optamos por gerar um contraste e buscar um edifício contido de aparência monolítica e posturalmente estereotômico, em oposição ao tectonismo derivado da alta tecnologia; 2) Aproximar-se mais de um equipamento urbano, de fato público, do que propriamente um edifício encerrado em um lote; 3) Ensejar um posterior desenvolvimento do entorno sugerindo extensões de ambientes públicos e sua articulação com a vizinhança imediata e certas visuais e perspectivas importantes para a cidade. Isto posto, partiu-se para um estudo formal que permitisse articular de modo coerente essas 3 premissas. Surgiram três blocos distintos, que separados criam uma fissura radical em um volume prismático ideal, resultado do terreno e suas regras. Ela responde ao desafio de articular um desnível de cerca de 7m de diferença entre a Avenida General Fouad Chehab e a rua Ahmad El-Jabbouri, ladeado por duas futuras ruas previstas no “Masterplan for the Beirut Central District”. Fez-se necessário ligar uma rua a outra de modo não linear, para não se vislumbrar a passagem de uma vez só. Assim, atravessando o edifício, o usuário experiencia um encontro com as entradas dos 3 blocos. É a descontrução de um eixo construtivo, tornando-o um caminho fenomenológico, intuitivo e cheio de possibilidades de paradas e percursos. Como uma cicatriz na massa idealizada, esta rua traz o espaço urbano para dentro do edifício, generosamente aberto e sem portas. Com alturas de aproximadamente 6 a 8 pavimentos, a fissura atua assim como reminiscência da rua tradicional do centro anterior e afetivamente remete a informalidade tradicional da rua libanesa. O maior bloco (hachurado em azul) abriga a principal função que é a Grande Sala de Performances, Cinema e suas funções primordiais. O bloco menor (hachurado em amarelo) abriga as funções mais comerciais e cotidianas e burocráticas. Nele estão o restaurante, a loja, as salas de conferência, a administração, e a Cinemateca Nacional. O bloco intermediário (hachurado em magenta) abriga as funções primordialmente culturais, públicas porém de caráter mais introspectivo e subjetivo, i.e., Biblioteca, Salas de Exposições. Seus pavimentos superiores, acima da cobertura, concentram as salas de oficinas e de treinamentos. O segundo passo nas articulações desses 3 blocos com a rua interna, foi criar 2 foyers públicos em níveis diferentes a fim de gerar espaços de praça interna e acúmulo de pessoas em grandes eventos. Estes são resultados de duas subtrações da altura de 1 pavimento. A primeira, na cota +7,20m (ave. Gen. Fouad Chehab), é a de um retângulo de (15 x 40m) gerando o acesso ao Grande Sala de Performances; a segunda, na cota +3,60m, é a de um quadrado (27x27m) que gera a praça pública mais importante do projeto, onde se encontram a recepção, bilheteria, informação, etc. Esta praça servirá, juntamente com a escadaria que leva ao nível +7,20m formam um palco aberto para performances especiais e informais, para tanto o espaço pode se tornar mais escuro e propício a esta atividade pelo descenso de grandes panejamentos da cobertura fechando as grandes entradas públicas. Portanto, o projeto busca constituir um referencial de proximidade com o sujeito que celebra as atividades coletivas nos grandes espaços abertos, mas que se sente intrigado a buscar o conhecimento daquilo que não viu, mas que está sugerido, atrás das quinas dos blocos, nos níveis acima e abaixo, atrás das portas dentro dos espaços das funções finais da House of Arts and Culture em Beirute. Como meio de imprimir ao edifício uma possibilidade de exprimir, por meio da técnica construtiva, uma relação de particularidade, faz-se necessária uma aproximação do trabalhador que lhe diga respeito, demandando sua intervenção e afinco na produção. Assim, foram propostas formas com pequenos relevos aleatórios, desgastes revelando os agregados e paginações na forma de concretagem, como meio de destacar e valorizar a presença das grandes empenas em concreto aparente branco. Estas serão detalhadas num futuro desenvolvimento do projeto para que possam ser confeccionadas por meio de peças não maiores que 3m, movimentadas por apenas 2 trabalhadores Esta textura possibilitará uma rica expressão de luz, cor e sombra sobre a superfície material do edifício, transformando a sua leitura ao longo dos períodos do dia e da noite. Em oposição à aparente rusticidade destes planos externos, os pisos e as esquadrias, as paredes baixas das subtrações, e os interiores se mostram solenes, cuidadosamente revestidos em pedra, de modo a se conseguir um encaixe preciso entre peças, favorecendo a integridade de planos e superfícies. Esta transformação material é proposta aqui como maneira de realizar a correta diferenciação entre ambiências, enaltecendo o que no edifício pode ser lido como universal e aquilo que pode ser tomado como particular. As coberturas coletarão águas das chuvas que serão armazenadas em grandes reservatórios no subsolo. Placas coletoras de energia solar aquecerão as águas potáveis para os banheiros e copas. Há ainda o controle do sol por meio da estrutura de aço e vidro que faz a iluminação zenital da rua interna. Esta atuará como brise-soleil ou shed, captando somente a luminosidade desejada de norte. À noite, luzes difusas e com a temperatura de cor de aproximadamente 5000ºK, farão a iluminação que virá de cima, aparentando uma grande clarabóia e mostrando o prédio todo como uma grande unidade luminosa. Estações de tratamento de efluentes são posicionadas no subsolo para devolver água limpa ao meio ambiente. O lixo selecionado e reciclado fica perto das áreas de carga e descarga para serem facilmente redistribuídos aos coletores adequados. Dentro dos edifícios a maioria das funções demanda um rigoroso controle de temperatura e umidade, assim, as paredes espessas de concreto ajudarão na manutenção da temperatura, especialmente nas estações de grande amplitude térmica, garantindo o alto padrão de segurança das exposições. |