Residência MM [construído] Luziânia - GO Ano do projeto: 2020 Autoria: Thiago de Andrade Co-autoria: Manoel Fonseca Colaboradores: Zé Henrique Freitas e Gustavo Santos Obra: Cliente Fotos: Ana Carolina Moreth Memória: O projeto para esta residência de campo para um casal, sua filha e familiares, nasce de quatro condicionantes fundamentais: 1) a posição do lote frente à paisagem em condomínio às margens da Barragem de Corumbá IV, a oeste, e a visada interna ao condomínio com belo cerrado no horizonte, a leste; 2) a necessidade de construção em duas etapas; 3) a topografia em cume, caindo para os dois lados, rumo à barragem e rumo à reserva ambiental do condomínio, e sua insolação conflitante com as melhores visadas rumo à lagoa da barragem; 4) a necessidade de uma construção simples e de baixo custo. A partir disso, concebemos uma residência térrea, assentada sobre um platô inicial no cume dessa topografia, construído em laje radier, com arrimos auxiliares em concreto ciclópico (concreto feito com pedras de grandes dimensões), cuja superestrutura fosse rápida e mista. Os pilares serão constituídos em paredes portantes de tijolo de concreto. As vigas que sustentam a laje de cobertura, em perfis metálicos seção "I" industrializados, serão apoiadas diretamente sobre essas paredes, logo sustentando uma delgada laje de concreto armado que recebe telha metálica termoacústica com baixa inclinação, de modo a não deixá-la à vista dos usuários e transeuntes. A racionalidade do sistema construtivo levou à concepção de uma lógica geométrica que gerasse a percepção de intenções inusitadas e caras à compreensão do espaço arquitetônico. Livra-se, assim, o espaço criado da mera contingência de custo e de módulo estrutural. Para tanto, a sequência de Fibonacci, cujo próximo termo é resultado da soma dos dois anteriores (p.ex. 1,1,2,3, 5,8,13,21...) marcou os eixos estruturais da fachada sul para a norte, além de determinar o número de tijolos que compõe a largura das paredes portantes. Só haverá paredes estruturais, em tijolo de concreto mantido natural, no eixo leste-oeste. As demais vedações serão feitas em vidro, marcenaria e, quando necessária a passagem de instalações, em gesso acartonado emassado e pintado de branco. Essa lógica, que diferencia a vedação da estrutura, enseja e reforça a percepção da razão matemática geradora do projeto, bem como criou boa relação desses planos de estrutura com as proteções solares e divisão dos espaços internos. As duas etapas, somadas, ficam aquém da área inicial prevista, com acréscimo de funções programáticas e reconfiguração da lógica de funcionamento inicialmente sugeridas pelos clientes. Ao invés da casa principal descolada de uma edícula de um quarto inicial, agora a casa passa a ter duas etapas que configuram uma só casa ao fim do processo, sendo as duas metades unidas por uma varanda. Esta, por sua vez, faz a transição necessária entre os dois pátios ou praças propostos: uma para o nascente, de onde se vislumbra o cerrado na reserva do condomínio, e a outra para o poente, de onde se divisa a barragem e o horizonte marcado por singela serra. As duas praças permitem que a casa seja, no fundo, uma grande transição entre os espaços de maior intimidade e introspecção: das áreas internas coletivas, para as externas coletivas, e principalmente, para as áreas externas contemplativas. Algo que é da tradição da arquitetura brasileira, permitida pelo nosso clima, mas que nos parece muito presente na arquitetura nórdica e na relação de seu povo com a natureza. Uma relação de respeito, admiração, mas de constante uso, o que também nos é muito caro como autores do projeto. |