Residência F&D
[projeto] Brasília, DF Ano do projeto: 2021 Autoria: Thiago de Andrade e Manoel Fonseca Colaboradores: Angelina Trotta, Lucas Sousa, Máwere Portela, Pilar Pinheiro Sanches e Victor Luz Memória: O elogio da sombra O projeto para esta casa em condomínio de lotes generosos e forte presença da natureza foi pensado a partir da intensa presença de árvores e vegetação fechada no lote. Preservadas, em grande medida, pela área de proteção permanente da grota seca existente no último terço do terreno, configuram um belo bosque e não permitem a percepção da vizinhança e da infraestrutura condominial. O lote de esquina estabelece uma gradação suave entre a ponta mais antropizada e com espécies vegetais exóticas e invasoras, uma área mais plana no primeiro quinto do terreno, para ir se fechando em mata com árvores cada vez mais altas. Essa configuração natural permite uma casa imersa na mata, sem perceber os tradicionais muros e cercamentos do condomínio, e, mais importante, estar envolta em uma luz filtrada pelas copas das árvores. Assim, a partir da demanda de se criar uma casa amplamente voltada para o lazer, para o encontro e para o conforto que a natureza pode proporcionar à família, implantamos a casa como um divisor de duas escalas e abordagens da paisagem imediata. A primeira responde pelo acesso frontal, social e cotidiano, onde as modificações são mais radicais, arrimos de pedra fazem os caminhos e marcam os eixos definidores da casa. Ainda assim, a topografia é modificada de forma sensível e cuidadosa para preservar o maior número de árvores. A segunda voltada para a mata densa dos fundos do lote. A casa, edificada em palafitas, paira alta sobre o chão, e as árvores são incorporadas aos deques, e adentram-na por meio de claraboias e grandes planos envidraçados. A casa é, ela mesma, a zona de transição entre essas duas escalas. E, por isso, a sala de estar se configura como um grande espaço aberto, com duas portas de correr de grandes dimensões para o pátio da frente da casa, e amplas aberturas para a mata ao fundo. Ela une a casa no zigue-zague funcional entre área íntima e os locais de serviço e cozinha. Os espaços internos são caracterizados pela entrada da luz filtrada pelas folhas das árvores. A luz intensa que vem da cobertura no Planalto Central é muito potente, e até pode ser inconveniente e incomodar, mas no nosso caso, sua inclinação e orientação permitem recuperar a dimensão da altura das copas de grandes árvores com mais de 20 metros de altura. A estrutura de madeira se flexiona para criar uma cunha envidraçada com função de claraboia que atravessa a casa. A faixa de vidro no telhado cria o eixo perpendicular ao de pedra que define a entrada da casa e faz as costas do pátio social da casa com a piscina. Ele une a cozinha ao escritório passando pela casa. O escritório atua como hall de distribuição dos quartos e olha as copas das árvores através do teto envidraçado. As duas suítes ficam nos extremos dessa área íntima e ganham a maior dimensão possível nessa ala, sendo que a suíte ganha banheiro envidraçado para a mata. As estratégias arquitetônicas emergiram das ótimas e belas condições do lote associadas às demandas sensíveis dos clientes, que escolheram com cuidado o lugar de sua moradia e preferiram a opção de construir uma casa na mata, respeitosamente preservando o máximo possível de árvores e do perfil natural do terreno. A luz é a protagonista. Tanto pela iluminação que faz na casa, mas, principalmente, pelo movimento que ela gera na luz filtrada pelas árvores, nas cores que incorporará à casa durante as diversas horas do dia. E assim se faz o elogio da sombra. |