Residência D&P
[construído] Brasília, DF Ano do projeto: 2010/2011 Conclusão da obra: 2013 Autoria: Thiago de Andrade Colaboradores: Arquiteto Andrea Denza, Arquiteta Larissa Lessa, Alice Menezes e Natália Costa Obra: Atelier Paralelo Fotos: Joana França Produção e encenação: Maíra Carvalho e Juliano Coacci Memória: “(...) Um dos mais desoladores aspectos da nossa época é a total destruição da consciência das pessoas de tudo que está ligado a uma percepção consciente do belo.” - Andrei Tarkowski Para esta residência de um jovem casal o desejo de uma sutil confrontação com o terreno foi o aspecto mais caro e perseguido. Este confronto ocorre nos dois sentidos, não somente em uma direção, mas nas duas paralelas ao lote, em virtude da inclinação diagonal da topografia. Assim, surge a figura de um quadrado regulador em que, expandindo-se a linha perpendicular à frente do lote, chega-se a um eixo que na diagonal das curvas de nível vai soltando a casa lentamente do solo, configurando a área íntima no pavimento térreo e criando um pilotis no pavimento inferior. O difícil contexto da paisagem delicada, porém própria para a ocupação, articulou-se a partir daquele quadrado virtual que orientou a casa para a melhor insolação e vistas, procurando não configurar muros, mas sim usos distintos, escalas diferentes de espaço. Invertemos a lógica da sequência de sucessão de funções: entrada social, sala de estar, sala de jantar, varanda, área de lazer; para uma chegada no eixo que leva ao núcleo da casa, a cozinha, de fronte à varanda, à sala de jantar à direita e o escritório à esquerda, integrado à vida coletiva da casa como havia sido sugerido pelo proprietário, de onde pudesse ver e ser visto, desde as áreas de lazer e sociais. Desta forma, o significado fica claro ao visitante e ao usuário cotidiano, a casa é aberta, não guarda entranhas escondidas. Nesse ziguezague que virou o corpo edificado da casa, articula-se um deque de madeira que faz a transição das funções sociais para a área de lazer, ao chão, no nível do solo, ora cortado, ora aterrado, trabalhado com terraplenos que acabam em uma piscina ainda não construída e daí para a pequena mata ciliar do córrego intermitente. Faz o limite entre o edificado e o natural de maneira assertiva, com pedra, com concreto. Assim, de pé no chão, o sujeito pode divisar e contemplar a mata, o campo limpo. Portanto, nesses momentos de intimidade, de ascensão, nas sucessivas descidas ao terreno, na paisagem horizontal e vasta do Planalto, na pequena serra defronte, o sujeito faz seus espaços, decidindo que escala buscará para se adequar ao seu estado de ânimo. |