Residência GG
[projeto] Brasília - DF Ano do projeto: 2013 Autoria: Thiago de Andrade Colaboradores: Ingrid Fonseca, Renata Neves, Sergio de la Hoz, Sebastian Sangre Memória: O desafio das duas etapas O gesto mais importante da implantação da casa no terreno deriva de preocupações que visavam articular a topografia de plano inclinado diagonal com a necessária partição da casa em duas etapas construtivas ditadas pelo programa de necessidades. Partimos, para tanto, de uma abordagem organicista, buscando a construção em sistemas autoportantes, reclamada pelos clientes. Separar as duas etapas em duas lajes de piso tipo radier, pareceu-nos uma boa solução de abordagem para a articulação da topografia às vistas predominantes, que poderão ser mantidas após a ocupação dos outros lotes vizinhos nesse condomínio. Esses dois tablados, em níveis diferentes, suportam as paredes portantes de EPS com argamassa armada, ou alvenaria portante, ou ainda um sistema de steel frame. Além disso, eles articulam um nível de quartos um pouco acima do nível original do terreno, visando garantir-lhes a vista, bem como a abertura alinhada à piscina, como demandado pela proprietária. O deslocamento entres as duas porções ensejou uma diagonal vazada por painéis de vidro que descortina o eixo de articulação da casa bem como uma visada permanente rumo ao vale no horizonte distante. Assim, desde a piscina será possível vislumbrar a paisagem típica dessa outra bacia hidrográfica do Distrito Federal. A sala de estar, embora ligeiramente apartada da cozinha e jantar, está integrada espacialmente por meio da transparência através do pátio externo da árvore. A cozinha e jantar abrem-se diretamente para a varanda e piscina em raia, bem como articulam-se a sala de TV da segunda etapa, que na primeira poderá funcionar como escritório/hóspedes. No processo de desenho e experimentação, as duas lajes acabaram por se conectar gerando a integração desejada, que garantirá mais flexibilidade e mais espaço útil de lazer e recepção de amigos e família. A sala de TV e quarto de hóspedes recebe uma inflexão em cunha nas paredes externas, que busca a vista do horizonte e a melhor insolação, criando um jardim que ameniza a relação desse espaço social e público com o muro do lote. O trabalho com a topografia caracteriza a abordagem da implantação e busca se anunciar de forma direta com a sua presença bruta, em concreto aparente ou tijolo de concreto. O desenho claro do percurso do arrimo delimita a relação de privacidade com a rua e continua lote adentro para configurar o pátio da árvore, bem como faz o fundo da garagem que foi estendido para servir como depósito da casa. Portanto, dessa abordagem orgânica que se deu num processo de constante diálogo entre o geral e o particular e da racionalidade construtiva e abordagem programática, surgiu uma casa orgânica, ancorada em uma poética dos espaços internos, sempre sensivelmente articulados às vistas mais desejadas do vale no horizonte. |