Concurso para estudantes Morar na metrópole
Revista Arquitetura e Construção [projeto] Premiado com Menção Honrosa Barra Funda, São Paulo Ano do projeto: 2003/04 Autores: Thiago de Andrade e Stepan Krawctshuk Colaboradores: Carolina Pescatori, Márcio Sadao, Reinaldo Navarro, Carlos Henrique Magalhães Imagens: Reinaldo Navarro e Márcio Sadao
A vila Paulista Contemporânea Optamos pela articulação de uma visão do espaço paulista da rua, a imagem das vilas de outrora, no que tange à vida em comunidade, e aos espaços públicos e coletivos da Brasília da Superquadra de Lucio Costa. Para tanto, observou-se que era necessário, quase obrigatório, resgatar e doar à cidade de São Paulo uma maior área de espaço público e livre, de preferência verde. Ao contrário de Brasília, nossa cidade habitual, São Paulo carece de espaços de “descompressão urbana”, e parece-nos que a atuação dos bons arquitetos paulistas vai sempre nesse sentido. Em visita à área, onde tudo se modifica, pudemos perceber que o bairro, nessa região, caracteriza-se por uma área que carece de recuperação e reutilização, resgatando espaços públicos em quarteirões de edifi cações lindeiras à rua. Portanto, fez-se premente a necessidade de constituir a praça Nicolau de Moraes Filho, transformando-a de fato em parque, dadas as suas dimensões. Radicalizamos no sentido de abrir francamente o interior do lote conjugando-o ao parque, desenhando uma alameda extensamente arborizada que passa rente ao muro e abre o canal desde a Rua Cruzeiro até a Rua do Bosque. O uso desse parque seria uma mistura entre o uso comercial, cultural e o esportivo, os dois últimos articulados e compartilhando de espaços entre si. Por exemplo, o campo de futebol é também espaço para eventos como shows e apresentações, conformados pela grande marquise que abriga um palco em um de seus finais, lindeiro à Rua do Bosque. A marquise que acompanha a Rua dos Americanos abrigará módulos para o comércio de rua, como pequenas lanchonetes, bares, quitandas, etc. Além disso, há amplos espaços livres destinados à ocorrência de feiras periódicas e estabelecidas em certos dias da semana. Na marquise oposta está prevista uma edificação de uso municipal, administrativa, ou escolar profissionalizante. Esta destinação marcaria, ao nosso ver, a presença do Estado como garantidor daquilo que é público gerindo e animando as atividades esportivas e culturais. Garantimos e fizemos prevalecer dados recolhidos em São Paulo sobre a preferência da prática do esporte: em primeiro lugar o futebol, e em segundo o skate. Por isso os grandes campos e quadras e a área de “half pipe”, “bowls” e outros obstáculos na “Praça do Skate”. O skate surgiu como possibilidade de resgatar um espaço residual formado pela configuração urbana no canto entre o quarteirão e as linhas de trem. Acreditamos que o atrativo de equipamentos para a prática do skate seja o suficiente para um uso relativamente contínuo e revitalizante. Continuamos reafirmando nossa intenção inicial de realizar um projeto especulativo, essencialmente acerca das questões sociais e do uso do espaço pelos seres humanos e nunca uma postura de especulação técnico-estrutural, ou ainda, o que achamos pior, puramente futurista do ponto de vista tecnológico, ou seja, não nos sentimos capazes de fazer exercícios de futurologia. Portanto, não acreditamos que a resposta para o futuro seja uma solução puramente tecnológica, mas sim uma relação dialética entre a vida, matéria social, e um embasamento técnico-científico que a permita existir sempre de formas diferentes. E continuamos: esta proposta não é utópica. Não quer ser modelar, quer ser alternativa. Assume a contradição como condição humana, e quer romper com as linearidades e teleologias das utopias. Ela quer ser um lugar. |