Área de Lazer na Residência Água Quente
[projeto] Brasília - DF Ano do projeto: 2020 Autoria: Manoel Fonseca Co-autoria: Thiago de Andrade Colaboradora: Ana Luísa Pedreira Memória: Segunda Natureza O projeto para esta área de lazer, situada em uma pequena chácara nos arredores de Brasília, buscou inserir-se na paisagem existente seguindo diretrizes já inauguradas pela casa inicial já implantada no lote, projeto de nossa autoria. O terreno em formato triangular é envolvido pelo cerrado nativo por todos os lados, e a propriedade se apresenta como uma clareira que permite vivenciar a presença desse bioma de forma imersiva. Naquele primeiro momento optou-se por implantar a casa paralela às curvas de nível e por criar uma base ligeiramente elevada que ajudasse na contemplação do suave vale à frente. Essa estratégia, em consonância com a abertura do triângulo que configura o lote, evitou a sensação de afunilamento do terreno em relação à paisagem circundante com densa vegetação. A horizontalidade do planalto central e o cerrado circundante deveriam, portanto, continuar sendo perseguidos nessa segunda intervenção, agora com maior poder de reconfigurar de fato o chão da chácara, criando sucessivas miradas que, ora aproximam, ora afastam o horizonte, por meio dos enquadramentos e movimentos ascendentes e descendentes criados pelos platôs e suas circulações. Esses são articulados por um novo eixo de escadarias que sugerem uma centralidade, não pelo meio das edificações, mas pelo vazio. Articula, assim, as pontas das duas coberturas, sendo que no caso da área de lazer, a continuação desse eixo virtual atravessa a edificação em uma porção sem apoios. Essa varanda em balanço reforça o caráter não-utilitário do espaço desses novos platôs, elevando-os a uma função estética que busca evidenciar a intervenção na paisagem natural. A piscina em formato retangular e bastante alongada é ainda acrescida de um piso molhado que cumpre uma dupla função: aumentar a superfície refletiva, trazendo o duplo da paisagem e céu do planalto para uma presença central na arquitetura, bem como a função de esquentar a água e evitar aquecimento artificial da água. A edícula da área de lazer buscou a simplicidade formal, para não se opor à casa existente, mas seguir nos pressupostos de relação com a paisagem já explicitados. Desta forma, decidimos pela horizontalidade com um mínimo de massa edificada. A intenção é não obstruir visualmente as diversas miradas de seu entorno, e preservar o protagonismo da paisagem natural por meio da experiência do sujeito. Permite, assim, o movimento das pessoas e a fruição de novas perspectivas e espaços de contemplação, recanto, interação. O programa funcional da edícula de lazer, com cozinha e apoio à casa, concentra-se em um núcleo recuado dos beirais a fim de caracterizar a esbelta e leve cobertura como um plano simplesmente flutuando sobre o piso criado.Esse núcleo é virtualmente delimitado pelos quatro pilares em aço, bastante recuados dos limites da edificação. Ganha com isso autonomia estrutural e pode se caracterizar como um “mobiliário” protagonista dessa nova edícula. |