Ele já havia postado umas fotos desse projeto ainda em obras. Sempre em visita com o próprio Alvaro Siza.
Finalmente ficou pronto ou, pelo ensaio do fotógrafo, quase. Siza, perto dos 80 anos, está fiscalizando a obra e aparece fazendo croquis de prováveis revisões no detalhamento e construção. Incrível a vitalidade e o amadurecimento sem fim do mestre.
Os espaços têm naturezas sempre singulares, lavados pela luz natural e com a única mácula do chão de madeira, que faz a espacialidade ter matéria, vínculo com a realidade cotidiana. Os pisos de madeira estão ali só para que o usuário não se perca no etéreo, sinta seu cheiro e reconheça algo de familiar, porque nada mais é familiar nesse edifício.
Lembro-me do Siza responder ao ser questionado sobre sua parceria com Frank Gehry no projeto de um campus nos EUA. Ele, Gehry, um arquiteto tão diferente e aparentemente incoerente com a prática de Siza. Foi algo mais ou menos assim:"Ora, o que eu gosto é de trabalhar com gente inteligente, não importa sua arquitetura, sempre haverá diálogo."
E não posso deixar de lembrar do Frank Gehry nesses espaços, embora totalmente diferentes, sem cópia ou mimese, sem referência, mas fiquei tocado com a complexidade elementar que ele busca em arroubos no teto. É claro que isso existe em todo o percurso do Siza, mas quão louvável é um arquiteto em permanente transformação mesmo depois de consagrado, maduro, com 80 anos?
Também não posso deixar de ler esse projeto sem relacioná-lo com o Museu Iberê Camargo, e duas obras esportivas mais recentes, em que as curvas, nunca exibidas nem gratuitas, mediam a relação do espaço interno com o externo.
Chorei!